segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A Leitura também pode ser Perigosa


O titulo deste artigo pode vir a ser um tanto quanto controverso, principalmente num mundo em que se tem lutado cada vez mais para reavivar o hábito de leitura, que se tem desvanecido cada vez mais drástica e dramaticamente. Ainda, ao ler o título sem nenhuma análise mais profunda, poderá vir à mente uma previsão de que se vão abordar motivos como: faz mal à visão, cria um ser anti-social, entre outras criativas superficiais e inimagináveis suposições.

O real motivo que vai ser apontado para justificar o título em questão é que a leitura demasiada pode criar "homens papagaios".

Infelizmente, quando a leitura é assimilada embora na quantidade certa, mas não como deve ser, ela ajuda a projectar para o mundo homens que simplesmente absorvem o que retêm da mesma, e como papagaios, repetem e propagam a informação sempre que os apetecer dar o ar da sua orgulhosamente intelectualidade adquirida. A leitura deve ser capaz de fazer com que homens absorvam informação, verifiquem e critiquem a veracidade e importância da mesma e os possibilite formar opinião própria com relação a certos temas.

Os supostos intelectuais de hoje, formam os seus discursos rotineiros à base de extractos de citações de outrem, e de outros pedaços de informação obtida no seu egocêntrico e gigantesco repertório bibliográfico. Dão-nos a ilusória imagem da sua inteligência e eloquência com a mais cara gramática, capaz de embebedar os sentidos emocionais de qualquer um que esteja a apreciar essa sinfonia de palavras perfeitamente elaboradas, mas que na verdade não são de sua autoria. 

Por vezes nos orgulhamos de ter lido duzentos à trezentos livros, mas na verdade nos devíamos envergonhar quando os nossos palavreados são baseados em citações e ideias emprestadas; Quando simplesmente não conseguimos formular uma ideia própria e individual, ou ao mínimo, analisar e criticar alguma coisa segundo os nossos próprios critérios. A leitura pode se tornar perigosa quando não nos incita a criar.

Antes de terminar, gostaria de alertar que isto não é nenhuma dissertação para proteger quem não gosta de ler, ou incentivar as pessoas a ler menos. Muito pelo contrário, até porque quem não lê, não só tem a menor probabilidade de ter alguma ideia sobre variados tópicos, como também tem ainda menor probabilidade de ter alguma ideia CREDÍVEL, pois as suas fontes de arrecadação de ideias, nem sempre apresentam o mesmo nível de credibilidade e segurança que apresentam os livros.

Vamos ler mais, e tentar não cair na armadilha de nos tornarmos papagaios eloquentes sem ideias próprias.

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